Já contei que minha mãe faz geleias, né? As melhores que eu já comi. Daquelas de perder a compostura e comer às colheradas, direto do pote. Mas, combinemos – ninguém que deseje caber nas mesmas calças pode comer geleia assim. Então, para não me arriscar, acabei deixando a geleia no fundo da despensa.
Até que, outro dia, enquanto fuçava a despensa, deparei com um pote de geleia de cupuaçu. Linda e dourada geleia de cupuaçu. Linda, dourada… e pedindo para ser usada com urgência. Como tinha acabado de comprar farinha de castanha-do-pará, me deu vontade de usar os dois ingredientes juntos. Em um bolo. Com farofinha por cima.
Fucei livros, Pinterest, tudo quanto é canto, mas nada me apetecia. Até que me lembrei que, há algum tempo atrás, havia visto uma receita de cuca com geleia de uva inacreditavelmente simples, e de fonte pra lá de confiável.
A Nina, autora da receita e professora de confeitaria e panificação, tem um jeito de apresentar a quantidade dos ingredientes que é pouco usual nos blogs de comida – por percentuais. À primeira vista, pode parecer complicado, mas basta superar a preguiça de fazer as regras-de-três e você tem uma receita que aceita qualquer escala e sempre dá certo, pois as proporções corretas de líquido/seco são mantidas.
Antes de ir para a cozinha, tudo que precisei fazer foi o dever de casa: li e reli a receita, fiz os cálculos que precisava e pronto. Não levou nem 5 minutos.
Como quem vem aqui está mais acostumado a ingredientes com quantidades do jeito mais comum (e como eu fiz algumas alterações na receita original), apresentei a lista de ingredientes com valores fechados em gramas. Mas se você quer aumentar ou diminuir essa receita, vá direto à fonte.
Será que é heresia fazer uma receita de origem alemã com ingredientes tão brasileiros? Não sei dizer. Só sei que o resultado final foi um sucesso entre os meus colegas de trabalho. A cuca sumiu em instantes. Os elogios se prolongaram por dias seguidos 😉
Receita adaptada daqui
Streusel (a farofinha)
50 g açúcar
40 g farinha de trigo
40 g de farinha de castanha-do-pará
40 g manteiga gelada
Bolo
200 g de farinha de trigo
40 g de farinha de castanha-do-pará
160 g de açúcar
8 g de fermento
68 g de ovo (usei 2 ovos pequenos)
50 g de óleo
150 g de leite integral
175 g de geleia
Ligue o forno a 180ºC. Unte e polvilhe com farinha uma assadeira com 37,5 cm X 20 cm. Eu preferi untar a assadeira, forrar com papel manteiga (deixando ‘alças’ para fora) e untar levemente o papel.
Comece preparando a farofinha. Coloque todos os ingredientes em uma tigela e, com o garfo ou as mãos, misture tudo até obter… uma farofinha, uai. 😉 Reserve enquanto prepara o resto da receita.
Em uma tigela, misture as farinha, o açúcar e o fermento com o auxílio de um fouet. Em outra tigela, bata os ovos, o óleo e o leite (com o mesmo fouet). Despeje a mistura líquida sobre a mistura seca e mexa com o fouet até ficar uniforme.
Verta a massa na assadeira preparada, espalhe a geleia sobre a massa e cubra com a farofa doce. Asse por 30 minutos ou até que a cuca passe no teste do palito.
Espere amornar, corte em pedaços e deixe esfriar sobre uma grade antes de servir.
Apesar de ter ficado satisfeita com a textura da massa da cuca, achei que o gosto teria ficado mais intenso se eu tivesse usado a castanha-do-pará picada, e não em farinha. Da próxima vez que eu fizer, vou usar 240g de farinha de trigo e acrescentar 40 g de castanhas picadas.
Ah, a aparência da cuca não ficou muito autêntica porque eu sou uma descontrolada. Depois que ela saiu do forno, eu vi uma rachadurinha na cobertura de farofa e pensei: acho que vou completar ali com geleia. o Resto foi empolgação e lambança. Mas, da próxima vez, vou me conter e deixar a rachadura quietinha.