Acabo de voltar de uma licença-capacitação de um mês. Durante este período, além de ter estudado bastante, tentei cozinhar mais frequentemente. TENTEI. Mas, para meu horror, nada do que eu fiz deu muito certo. A granola queimou, o bolo virou vulcão dentro do forno, o pão não cresceu, o gosto não agradou. Era como se eu e a cozinha já não nos entendêssemos mais.
Em vez de me conformar a essa triste sina, resolvi dar a volta por cima. Para isso, voltei ao básico – seguir receitas sem qualquer tipo de invencionice, prestar muita atenção a cada passo e escolher referências infalíveis.
E quem é a minha referência infalível? O oráculo que tudo sabe? Que tem as receitas em que eu confio de olhos fechados? É Patrícia Scarpin, mia gente. E foi na mão da Pat que eu segurei para recuperar a minha autoconfiança.
Este bolo, eu namoro há um tempão, mas demorei para preparar por conta do vinho – não ia abrir uma garrafa para usar só 1/2 xícara. Por outro lado, tenho consumido tão pouca bebida alcoólica que não achava que conseguiria dar cabo do restante da garrafa. Até que achei uma garrafita de 375 mL. Beleza!
Da primeira vez que fiz, segui a receita original de cabo a rabo, morta de medo de retirar mais uma decepção do forno. Mas, que nada, o bolo ficou incrível, desenformou lindamente. A cobertura ficou saborosa e bem equilibrada (só precisei dobrar a receita porque queria algo mais farto). Mandei para o trabalho do marido e foi um sucesso.
Mas o hômi, meu crítico habitual, fez suas considerações: apesar de fofo, o bolo não era tão úmido quanto os que eu costumo fazer. E a cobertura podia ter gostinho de vinho também, né.
Assim, da segunda vez que eu o preparei, já me senti confiante para mexer aqui e ali. E deu certo! E ficou tão bom! Levei para o meu trabalho e todo mundo adorou! Agora estou esperando uma próxima oportunidade de prepará-lo de novo para o hômi tirar a teima.
Ah, um aviso importante: este bolo, como eu o apresento aqui, não é para crianças – sobra vinho e talvez falte uma doçura mais escandalosa.
Preaqueça o forno a 180°C. Unte generosamente com manteiga uma forma de furo central do tipo Bundt com capacidade para 10 xícaras de massa, polvilhe-a com cacau e retire o excesso. Em uma tigela média, peneire juntos a farinha, o cacau, o fermento, o bicarbonato e o sal. Reserve.
Usando a batedeira, bata os ovos e o açúcar até obter um creme claro e fofo. Acrescente o óleo em fio, batendo até ficar bem misturado. Raspe as laterais da tigela com uma espátula de silicone, adicione a baunilha e mexa até ficar uniforme.
Em velocidade baixa, adicione o chocolate derretido e misture bem. Ainda em velocidade baixa, adicione metade dos ingredientes peneirados, seguidos pelo iogurte e pelo vinho, e finalize com o restante dos ingredientes peneirados – vá raspando as laterais da tigela a cada adição. Bata somente até incorporar os ingredientes.
Transfira a massa para a forma e alise a superfície. Asse por 45-50 minutos ou até que o bolo cresça (faça o teste do palito). Deixe esfriar na forma sobre uma gradinha por 15 minutos e então desenforme com cuidado na gradinha. Deixe esfriar completamente.
Para preparar a calda, aqueça o chocolate, a manteiga e o sal em uma tigelinha resistente ao calor encaixada sobre uma panela com água fervente (a água não deve tocar o fundo da tigela – é o velho e bom banho-maria). Misture constantemente até que a manteiga e o chocolate estejam derretidos, leva uns 5 minutos. Com o auxílio de um fouet, incorpore o açúcar de confeiteiro.
Enquanto isso, leve o vinho tinto ao fogo em uma panelinha até levantar fervura.
Remova a mistura de chocolate do calor e incorpore a ela o vinho tinto. Deixe esfriar por 8-10 minutos ou até que a mistura tenha engrossado um pouquinho e, ao ser misturada, mantenha a marca de onde a espátula passou.
Acomode o bolo no prato de servir e derrame sobre ele a calda.
* Como eu demorei para derramar a calda (e usei o dobro da quantidade de ingredientes, como na receita original da revista Bon Appétit), fiquei com um montão de calda densa o suficiente para cobrir o bolo feito uma cobertura. Foi o que eu fiz. Também polvilhei com flocos de chocolate amargo. O que sobrou da calda, servi com sorvete, aquecendo previamente no micro-ondas.
* Este post não pretende homenagear um dos caras mais legais com quem eu já trabalhei, um cabra talentoso, com postura profissional impecável e um coração maior que o mundo. Rodrigo, como você detesta que se festeje o seu aniversário, este post é só pra dizer que você faz muita falta. E que eu torço muito por você em seu novo caminho. Você sabe disso ;-).
* E, já que ela gosta, Mari, amiga amada, que os seus caminhos sejam sempre leves e iluminados. Espero que eu consiga vê-la além das telas da TV!
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